Hoje fala-se muito em
responsabilidade social, mas esquecemos que isso está presente em nosso dia a
dia, naquilo que fazemos no nosso trabalho, nas ruas e na nossa própria casa. E
quando o trabalho é comunicação, isso se torna ainda mais importante, pois hoje
tudo é muito rápido, tudo está muito acessível.
por Tiago Ferigoli
Vemos um mar de informação, mas com pouco, ou quase nada, de
conteúdo. De quem é a responsabilidade disso? Vemos inúmeros anúncios fúteis,
com o propósito único e exclusivo de vender o produto. Esses anúncios
“esquecem” que venderiam muito mais se fizessem com que as pessoas se
identificassem com eles, não pela beleza de uma foto esteticamente bem tirada,
mas sim, por tornarem a sua vida melhor e mais digna. A propaganda precisa
colocar as pessoas para refletir sobre elas mesmas.
Existem diferentes realidades espalhadas pelo mundo, mas todas ligadas em um só
propósito, a sobrevivência. Não seria bom se pudéssemos comprar uma roupa,
sabendo que a sua venda gera uma ação filantrópica? E como podemos inserir
cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade nas futuras marcas,
enxergando da ótica da necessidade e não apenas do consumismo? Sem dúvida
nenhuma que essa discussão começa na educação. As Universidades precisam
ensinar o indivíduo a pensar no coletivo, e não apenas no seu próprio sucesso.
Seja um arquiteto ou um publicitário, ou qualquer outro profissional, o seu
trabalho precisa atuar no coletivo, precisa ser sustentável. Só assim poderemos
mudar o mundo.
As ferramentas nunca foram tão acessíveis como hoje, em
alguns segundos somos capazes de postar milhares de informações para milhares
de receptores. Mais uma vez, onde fica a responsabilidade disso? E se o
Instagram pudesse “avaliar”, e até premiar, as postagens mais socialmente
responsáveis? E se o Facebook pudesse ajudar a divulgar, por meio de alguma
avaliação, postagens com conteúdo realmente relevante, como o trabalho de
alguma ONG, por exemplo? E por ai vai. O resumo de tudo isso é que
responsabilidade social é unir forças, fazer pelo próximo e por você, também.
Quando pensamos assim, geramos empatia. E tudo fica mais fácil de vender quando
se tem credibilidade. Infelizmente, assuntos como sustentabilidade e responsabilidade
social ainda enfrentam muito preconceito. Primeiro porque muitos ainda acham
que trabalho socialmente responsável é sinônimo de ajudar ONGs no final de
semana, com trabalho voluntário. A maioria das pessoas ainda não compreende que
atuar socialmente é, por exemplo, respeitar o próximo. Quando vemos um orelhão
quebrado nas ruas e não nos importamos, esquecemos que aquele orelhão foi pago
com o dinheiro dos nossos impostos. Marketing social não é trabalho voluntário.
O segundo preconceito é com o capitalismo. Muitas pessoas
acreditam que vivemos num mundo regido pelas multinacionais, e que, por tanto,
atuar socialmente é lutar contra elas, ao em vez de, com elas. Sim, vivemos num
mundo capitalista. Mas o capitalismo não é uma máquina. A falta de poder público
e o consumo desenfreado é que alimenta essa estrutura. A responsabilidade é de
todos nós. É preciso criar estratégias que sejam boas tanto para as empresas
quanto para os cidadãos. Vender, mas também educar. Não adianta sair por ai
apenas criticando o sistema. Comunicação com conteúdo significa aproveitar o
budget disponível com responsabilidade.
Como diria Dostoievski – o ser humano é o ser a que tudo se
habitua. Logo, deveríamos nos habituar com uma postura mais responsável.
Portanto, adapte-se, mude, transforme. Quando você atua socialmente, você atua
por você, também. É a corrente do bem onde todos ganham.
VIRA-LATAS OS VERDADEIROS CÃES DE RAÇA
Tiago Ferigoli vem desenvolvendo, há cinco anos, um projeto
social que mudou a sua forma de pensar. Hoje, Ferigoli conta com números para
comprovar que ações sociais são eficazes quando o seu planejamento envolve
retorno para todos os envolvidos. O projeto Vira-latas Os verdadeiros cães de
raça é uma ação multimeios voltada para educação e conscientização que também
atua de forma filantrópica. Uma das empresas por trás desse projeto é a
Pedigree cuja atual campanha Adotar é tudo de bom traduz exatamente tudo que o
autor aborda no artigo. Trata-se de uma campanha que visa tirar os cães da rua.
Uma vez que estes cães de rua (vira-latas) passam a ter um lar, precisarão se
alimentar, logo, precisaram de ração.
Uma campanha publicitária inteligente, que busca minimizar um problema grave (o
abandono e os maus tratos), e ao mesmo tempo, amplia o mercado da empresa. O
potencial dessa campanha abriu portas para que a Pedigree investisse em ações
voltadas para a cultura e educação, que é o caso do projeto Vira-latas Os
verdadeiros cães de raça (www.vira-latas.com).
Este projeto, por sua vez, abriu portas para o surgimento de uma nova empresa,
com atuação filantrópica, a grife ANIMI (www.animiweb.com.br).